Manter uma casa em ordem não precisa de ser uma fonte de conflitos. Para nós, a chave está em antecipar o inevitável: as coisas desgastam-se. Seja uma infiltração inesperada ou a caldeira que decide parar no inverno, ter uma regra clara evita que uma reparação se torne uma discussão sobre quem paga o quê.
Escolha o seu modelo
Nem todos os casais funcionam da mesma forma. Antes de começarem, identifiquem qual destes perfis melhor se adapta à vossa realidade atual:
- O Modelo Equitativo (50/50): Ideal para casais com rendimentos muito semelhantes ou que preferem manter uma independência total, dividindo as responsabilidades do imóvel de forma exata.
- O Modelo Proporcional (Rácio de Rendimento): Perfeito para quando há uma disparidade salarial. As contribuições para a manutenção seguem a mesma lógica do pagamento da renda ou hipoteca (ex: 60/40 ou 70/30).
- O Modelo do Fundo Autónomo: Para quem já tem as contas conjuntas consolidadas e prefere alimentar um fundo de reserva mensal fixo, independentemente das flutuações mensais de cada um.
A Regra do 1% Anual: Como funciona?
A regra é simples e pragmática: reservem, anualmente, 1% do valor de mercado do vosso imóvel para manutenção preventiva e corretiva.
Se a vossa casa tem um determinado valor, esse 1% anual deve ser dividido por 12 meses. Esse montante mensal deve ser transferido para uma conta poupança específica.
O que esta regra cobre (Essenciais Conjuntos):
- Reparações estruturais (telhado, canalização, eletricidade).
- Manutenção de equipamentos (caldeira, ar condicionado).
- Pequenos arranjos de desgaste (pintura, substituição de torneiras).
O que esta regra NÃO cobre (Tratamentos Pessoais ou Upgrades):
- Aquela televisão nova gigante que apenas um quer.
- Mudar a cozinha por motivos puramente estéticos (isso entra na categoria de "investimento/renovação").
Regras para copiar e adaptar
Aqui estão algumas diretrizes que podem adotar hoje mesmo:
- A Regra da Transparência Total: "Qualquer reparação acima de 10% do nosso fundo de manutenção mensal deve ser comunicada. Acima de 50%, deve ser decidida em conjunto."
- O Gatilho da Manutenção: "O fundo de 1% é intocável para férias ou outros gastos. Ele serve apenas para o que mantém a casa funcional e segura."
- A Revisão de Mudança: "Sentamos para ajustar o valor do fundo apenas se houver uma mudança no rendimento líquido de um de nós (superior a 10%) ou se o valor de mercado do imóvel sofrer uma alteração drástica."
Prompts de conversa para o casal
Sentem-se uma tarde, com um café, e tentem responder a isto sem pressões:
- "O que consideramos um 'essencial de casa' e o que consideramos um 'desejo de melhoria'?"
- "Se o fundo de manutenção não chegar para uma emergência, como dividimos o excedente? Seguimos o rácio do rendimento líquido ou dividimos igualmente?"
- "Quem fica responsável por agendar as vistorias anuais e gerir os contactos dos técnicos?"
Opções de Equidade
Podem escolher como alimentar este fundo:
- Opção A: Contribuição baseada no rendimento líquido. Se um ganha mais, contribui com uma percentagem maior do fundo, mantendo o esforço financeiro equilibrado para ambos.
- Opção B: Divisão fixa. Cada um contribui com uma percentagem fixa do seu próprio salário (ex: 2% do salário de cada um vai para o fundo da casa).
Se isto parecer difícil, comece por aqui
Se definir 1% do valor da casa agora parece demasiado pesado ou complexo, usem a Regra do Arredondamento:
Decidam um valor mensal que ambos considerem "confortável" e "invisível" no orçamento (por exemplo, uma pequena percentagem do vosso rendimento conjunto) e automatizem a transferência para uma conta poupança. O objetivo inicial não é atingir o valor perfeito, mas sim criar o hábito de que a casa, tal como vocês, precisa de cuidado contínuo. Quando o primeiro cano verter, ficarão felizes por já terem começado.

